sábado, 29 de março de 2008

Sexta-feira 28: baderna tem limite?

O novo pacto:

Até onde vamos?
O que nos faz pular do precipício?
O que nos segura diante dele?
Que distância é essa, que mede o espaço entre o que se diz e o que se faz?
Onde mora a coerência entre o discurso e a atitude?
Noite cheia de perguntas. E vazia de respostas.

Ensacando o Municipal


Ruanet-Blond: a são-jorge-guerreira do teatro de grupo em São Paulo

Sobre o Ofício de Construir Estrelas e os Riscos das Verrugas (Mauro Iasi)

Eis minhas mãos:
não tenho porque escondê-las,
ainda que, por teimosia,
tragam verrugas nos dedos
por apontar estrelas.

Este é o nosso ofício:
cavalgar verdades cadentes,
eternos/caducos presentes
que comem a si mesmos
mastigando seus próprios dentes.

Assim são estrelas:
tempo que tece a própria teia
que o atrela, cavalo que cavalga
a própria sela.

Distanciamento
Objeto
Estranhamento
Espera
como pintor ensandecido
que reprova a própria tela.

Este é o nosso ofício,
este é o nosso vício.
Cego enlouquecido,
visão por trevas tomada
insiste em apontar estrelas
mesmo em noites nubladas.

Ainda que seja por nada
insisto em aponta-las
mesmo sem vê-las
com a certeza que mesmo nas trevas
escondem-se estrelas.

Enganam-se os que crêem
que as estrelas nascem prontas.

São antes explosão
brilho e ardência
imprecisas e virulentas
herdeiras do caos
furacão na alma
calma na aparência.
Enganadoras aparências...

Extintas, brilham ainda:
Mortas no universo
resistem na ilusão da retina.

Velhas super novas
pontuam o antes nada
na mentira da visão repentina.

Sim
são infiéis e passageiras.
Mas poupem-me os conselhos,
não excluo os amores
por medo de perdê-los.

Os que amam as estrelas puras
tão precisamente desenhadas
fazem para si mesmos
estrelas finamente acabadas.

Tão perfeitas e irreais
que não brilham por si mesmas
nem se sustentam fora das bandeiras
e do branco firmamento dos papéis.
Assim se constroem estrelas puras
sem os riscos de verrugas.

Cavalgarei estrelas
ainda que passageiras
pois não almejo tê-las
em frio metal
ou descartável plástico.

Simplesmente delas anseio
roubar a luz e o calor
sentir o vento fértil de seu rastro
tocar, indecente,
meu sextante no seu astro
na certeza do movimento
ainda que lento, que corta a noite
desde a aurora dos tempos.

Eis aqui minhas mãos:
não tenho receio de mostra-las,
antes com verrugas que
em bolsos guardadas.

Eis minhas verrugas,
orgulho-me em tê-las,
é parte do meu ofício
de construtor de estrelas.

-Gastarei as verrugas
na lixa da prática,
queimarei as verrugas
com o ácido da crítica
e aprenderei com as marcas
que as estrelas se fazem ao fazê-las
por isso são estrelas.




Baderna nas ruas. Baderna engrossando a baderna.

Dia longo, dia de operário. Mas, acima de tudo, de baderna. Atentados a favor da arte. Como anão, não pude deixar de notar que a participação dos artistas da cidade - classe tão numerosa, só na Cooperativa são mais de 3000 - foi reduzida, proporcionalmente, quase ao meu tamanho.

Mas os que compareceram eram bravos. Como a Ruanet Loira: sem ela, sãojorgeguerreira do teatro de grupo paulistano, e, é claro muitas outras figuras decisivas, este ato não teria acontecido.

A postagem de hoje, Dia Mundial do Teatro neste humilde blog, é dedicada à ela.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Primo Garboso, de perfil.


De anão mutilado à obêsa mórbida: eu prefiro ser uma metamorfose ambulante

Como um ser de espécie pequena, rara e portanto sensível, gostaria de manifestar o meu apreço pelo bastão ao som do Melhor do Bolero.
Depois de sugar o último fôlego do ator na cena inicial, Martinha e Caçapava. Melodrama pornochanchático. Dífícil. Exige muita concentração dos atores. Mais bolero. Nunca respeitei tanto os assentos reservados no ônibus. Ser muito gordo exige habilidade. E leveza.

Todos mobilizados para amanhã. Baderna na rua.

Link do dia: http://www.filantropia.org/ong_virtual.htm

25 de Março: Monólogo do Fausto no festival do minuto

FAUSTO EM SEU QUARTO DE REPÚBLICA, REVIRA OS LIVROS FRENETICAMENTE AO SOM DE RAMONES.
- O ritmo ajuda? O ritmo ajuda?
(Ator come os livros com o corpo)
Cintura escapularcinturaescapularcinturaescapularcinturaescapular
(Ator tenta se manter em pé, ensaiando)
- Isso, isso! É isso!
Radiohumeroradiohumeroradiohumeroradiohumeroradiohumerorad
- Isso, isso! É isso! Experimenta uns rolamentos...
Não está neste livro aqui... nem neste... quem sabe naquele? - ai, escorreguei - não, tb não está neste. - ai, rasgou - deve então estar neste aqui... a página... qual era?
Neste momento Diretor se encontra em posição de soldado de tocaia em trincheira, com as bochechas vermelhas, como se protegesse a lateral dos olhos pra não levar um tiro.
- Quando você não aguentar mais vc diz "chega".
CHEGA.
Ator procura algum fôlego.
- É mais ou menos isso. Entendeu?

segunda-feira, 24 de março de 2008

Nada do que foi será...

Atenção. Anão fazendo contato, câmbio. Aqui quem fala é Cotôco, ainda se adaptando à nova linguagem internautica e ao teclado especial para cotovelos. A Internet vai explodir!!!! Quem tem e-mail não sobra, não pode sobrar. O contrato de privacidade acabou, ninguém entrega mais cena nenhuma. A casa caiu pros artistas tímidos e para os que achavam que tudo era segredo. Que os Mefiofófoles nos ajudem. Daqui até o dia 25 de Abril, a sorte está lançada.